Vingadoras atingem feitos inéditos no Brasileirão Série A1 2023
Por: Mallu Precioso
Em primeiro lugar, quero reforçar um ponto que acompanham meus editoriais. Essa é a opinião de uma torcedora como você, fã de futebol feminino, devota de São Victor do Horto e com o escudo do Galo tatuado na alma. As seguintes palavras de maneira nenhuma buscam desmerecer nenhuma atleta ou profissional que trabalhou no Brasileirão Feminino 2023, porque elas são as menores culpadas. Para quem está acostumado com o masculino e acabou caindo neste texto, a situação do feminino é ainda pior.
E queria deixar um alinhamento logo no início para os navegantes de primeira viagem. O elenco não é ruim, de jeito nenhum. Esse mesmo elenco esteve em sexto lugar no campeonato, à frente de times que hoje terminam a competição dentro do G8. Não só pelos resultados, mas porque temos jogadoras extremamente habilidosas (aqui não vou citar uma por uma, porque poderia cometer alguma injustiça) e, por exemplo, um treinador de goleiros que é o sonho de muita equipe. De maneira nenhuma era esperado que o time chegasse no último dia de Brasileirão dependendo de outros times para a permanência na primeira divisão.
Agora, vamos aos fatos inéditos conquistados pelas Vingadoras no Brasileirão, que, para nós, já chegou ao fim.
– Foi um dos três únicos times da competição, ao lado do Ceará, que perdeu 14 partidas (por ter sofrido um desmanche cruel da diretoria após a queda do masculino), e Real Ariquemes(time de Rondônia que não pagou nenhum salário às jogadoras e por isso sofreu protesto na última rodada), a ter 6 derrotas consecutivas.
– É a primeira vez, desde a retomada do projeto em 2019, que o time passa por uma sequência negativa de 6 derrotas, incluindo todas as competições e o período que ainda era um projeto amador de parceria com o Prointer.
– É o único time, na história da competição, a permanecer na primeira divisão com 9 derrotas em 15 partidas.
– Foi o único clube, em 2023, que cedeu ponto para as Minas do Vozão, que terminaram a campanha com 14D e 1E, 74 gols sofridos e apenas 15 marcados.
– Foi um dos dois únicos clubes, ao lado do Cruzeiro, a mandar jogos em 3 cidades diferentes.
O Atlético termina a competição nacional com 5V 1E 9D, apenas 35% de aproveitamento e 16 pontos. Permanece na primeira divisão apenas porque o Bahia, adversárias diretas, sofreram uma goleada para o Corinthians na última rodada. Se a diretoria abandonou as Vingadoras, a sorte esteve do nosso lado: nossas duas últimas rodadas foram contra as vice e as lanternas, respectivamente, enquanto as rivais enfrentaram as líderes.
Durante a temporada, tivemos duas treinadoras. Lindsay Camila comandou o time na Supercopa e nas cinco primeiras rodadas do Brasileirão. Ela deixou o time com 2 vitórias e 3 derrotas. Foi demitida após vencer o Real Brasília.
Vantressa Ferreira, a auxiliar técnica, assumiu o comando, ainda como auxiliar, na sexta rodada, no clássico contra o Cruzeiro. Venceu as duas primeiras partidas, em seguida sofreu quatro derrotas. Foi efetivada treinadora do time e perdeu mais duas, completando a sequência inédita na história do Galo Futebol Feminino de seis derrotas consecutivas.
Precisando de uma combinação de resultados para escapar da zona de rebaixamento, venceu o já rebaixado Real Ariquemes e, graças a uma combinação de resultados, saiu da degola. Na última rodada, contra o lanterna Ceará, que perdeu as primeiras 14 rodadas, também não conseguiu vencer. Terminou a competição com 2V 1E 6D.
Finalizando sobre os resultados, vamos para o time em si. Dificilmente uma escalação foi repetida na temporada, tanto com Lindsay Camila quanto com Vantressa Ferreira. No gol, quando Nicole estava em sua melhor forma, entrou Raíssa que, quando pegou ritmo, foi substituída por Taluane que, por sua vez, quando o time parou de depender apenas de si para permanecer na Série A1, perdeu a vaga para Nicole.
Na zaga, acredito que só as atacantes não tiveram uma chance. Jorelyn foi uma das nossas artilheiras e, mesmo com lesões e suspensões, ficou no banco. A nossa zaga de 2022, campeã mineira, de capitãs, que ficou por um ponto de fazer história no Brasileiro, Bruna Cotrim e Karol Arcanjo, só jogou junta quando, novamente, o controle da situação já não estava em nossas mãos.
Nas laterais tivemos volantes, meias e até atacante. Na maioria das vezes, com uma jogadora da posição disponível para jogar no banco. A unanimidade mesmo aconteceu em pouquíssimas posições.
Aqui, vale dizer que é impossível dizer se todas as atletas estavam em condições de jogo física e psicologicamente. Como avisei no início, são conclusões assumidas baseadas em que, na teoria, quem foi relacionada estava disponível.
Bom, esse é o resumo. A temporada ainda não acabou, já que no Futebol Feminino primeiro vem o Brasileirão e depois os estaduais, em meados de setembro e outubro. Atualmente, as Vingadoras são as atuais tricampeãs do estado, todos os títulos conquistados em cima do Cruzeiro, que, nesta temporada, também conquistou um feito inédito: é a primeira equipe de Minas Gerais a alcançar o G8 do nacional e classificar para o mata-mata.
Eu acho importante falar sobre o resultado de um rival, também mineiro, também com dificuldade de encontrar estádio para jogar, com um orçamento parecido, para mostrar que é possível sim. Ano passado, a situação era inversa: nós ficamos no quase do G8 e elas no quase do rebaixamento. Ou seja: dá pra fazer. Mirar em times paulistas com uma estrutura mais encorpada é um sonho, mas, em primeiro lugar, a gente pode aprender alguma coisa com as vizinhas que deram a volta por cima. Até porque, nós somos as donas do estado, e precisamos manter nossa autoridade no terreiro de Minas Gerais.
A parte boa precisa ser dita. É preciso ressaltar o trabalho da Galo TV, que transmitiu a maioria dos jogos em casa no YouTube, de forma gratuita. Só não transmitiram uma rodada devido a um conflito de agenda com o masculino que teve jogo no mesmo dia em São João Del Rey.
Finalizo agradecendo quem acompanhou as editorias do futebol feminino e convido para continuar seguindo o Fala Galo para mais.