Sem superstições!
Por: Silas Gouveia
Dizem que o atleticano é um dos torcedores mais supersticiosos do mundo. “Causos” e mais “causos” são descritos e contados na tentativa infrutífera de associar à nossa torcida os mais estranhos e esdrúxulos rituais de mandinga, antes, durante ou depois dos jogos. Acho que o pessoal exagera demais nisso, forçam muito a barra. Afinal, como poderíamos ser supersticiosos se o número correspondente ao nosso mascote no jogo do bicho é 13?
Os mais críticos alegam que os atleticanos têm sempre uma roupa preferida ou um acessório para ir ao campo a depender, inclusive, do adversário ou do campeonato que o clube estiver disputando. Nada disso! É óbvio que com certas coisas não se deve brincar, ou provocar os espíritos. Então, depois daquele jogo para cardíacos que foi a partida contra o Tijuana, será muito difícil, se não quase impossível, você conseguir que um atleticano vá a um jogo da Libertadores com aquela máscara da morte, mas eu diria que se trata mais de uma questão de respeito neste caso. Saravá Mizifi!
Camisas usadas em jogos que o clube perde de forma vexatória ou é eliminado de uma competição não devem mesmo ser usadas em outras ocasiões parecidas, mas isso é apenas para que ela não acabe pegando uma fama de “pé-frio”, afinal, todos os atleticanos de verdade têm quase uma centena de camisas do clube em seu guarda-roupas. Por que fuzilar aquela que te marcou negativamente? Melhor preservar e dar lugar a outra.
Da mesma forma, tenho comigo que camisas ou uniformes do clube jamais devem ser estreadas em jogos importantes, mais ou menos a mesma lógica usada no parágrafo anterior. Não há a necessidade de forçar a barra em cima de uma camisa tão novinha assim. Afinal, temos tantas outras, por que forçar uma barra?
Quando não vou ao estádio, assisto aos jogos em casa. Não gosto de muita confusão quando estou assistindo TV. E ainda tem aquelas narrações horrorosas da Globo, da Fox ou de outras emissoras, todas sempre contra o Galo, então prefiro assistir em casa mesmo. Coloco uma camisa do Galo (geralmente a mais calejada) e vou para o meu cantinho da sala assistir ao jogo sozinho, não gosto de companhias nessas horas, ainda mais se for de um pessimista ou de um torcedor do time rival. Prefiro desligar a TV e também não vejo motivo de ceder aquele lugarzinho onde tenho sempre o costume de assistir aos jogos. Acho que isso é uma questão de respeito e hierarquia, nada de superstição! (Bati três vezes na madeira, por força do hábito).
Mas não há como fugir de determinadas manias, isso também não deve ser considerado como superstição. Pode ser até mesmo diagnosticado como TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Acredito também que todos nós temos ao menos um TOC e isso não nos faz doentes ou neuróticos, muito menos supersticiosos. Tenho vários TOC’s, por sinal. Já pensei até em procurar ajuda profissional para superar. Por exemplo: em dias de jogos do Galo, não tomo banho usando nada que seja da cor azul. É um TOC meu, simplesmente não consigo, não é superstição. Da mesma forma, uso a toalha sempre do lado contrário da etiqueta (pensaram que tinha alguma mandinga nisso, né?), mas é uma questão lógica. O lado da etiqueta foi feito para você se enxugar, portanto, o lado contrário da etiqueta é o que deve ficar à mostra quando você se enrola na toalha. É óbvio que em dia de jogos do Galo esta etiqueta deve estar sempre na parte de cima da toalha, nada mais lógico que isso. Vá me desculpando quem acha o contrário.
Assim como nós sempre temos algumas roupas para irmos à missa ou às festas, também podemos ter uma certa preferência por determinadas roupas ou acessórios para irmos ao campo, isso é normal… Como todas as camisas do Galo têm a mesma importância para mim, penso que algo deveria servir de diferencial quando se trata de um jogo decisivo. Por isso e nada mais, prefiro usar uma cueca específica, que fica guardada para ocasiões especiais. Quem não tem uma roupa assim, que é guardada para ocasiões especiais? Eu tenho uma cueca. Qual o problema disso? Vão me dizer que isso também é superstição? Ora, convenhamos!
Por uma questão de respeito, sempre que entro em um estádio em que o Galo vai jogar faço o sinal da cruz. Mas não é assim que a gente faz quando entra em uma igreja? O estádio é quase isso; um templo sagrado, pelo menos quando o Galo vai jogar lá. Já que faço o sinal da cruz, aproveito e entro sempre com o pé direito, uma coisa puxa a outra. É quase como feijão com arroz. Não dá para comer um sem o outro. Então, também não é preciso considerar isso como mais uma superstição. Para mim, é tudo baseado na lógica das coisas. Não ligo para estas questões sobrenaturais ou crendices. (Perdão, meus Orixás).
O lado do campo que se escolhe para as cobranças de pênaltis é tão importante que deveria haver um plebiscito antes dos jogos para deixar que a torcida decida qual lado ela prefere. Duvido que algum torcedor escolheria outro lado que não fosse aquele em que o Victor defendeu o pênalti com o pé direito. E que não me venham dizer que foi com o esquerdo, pois aquele pé não tem nada de esquerdo e quem discordar disso é clubista, ou contra as minorias. Mas isso, mais uma vez, é uma questão de lógica e de respeito ao Santo, nada de superstições. Só quem não é atleticano para pensar diferente. (Salve, São Victor).
Como deve ter ficado claro a todos vocês, essa questão de que o atleticano talvez seja o torcedor mais supersticioso do mundo é uma falácia. Invenção da imprensa marrom, ou do eixo, aqui nós não temos disso. Isola! Vou até “botar” sal grosso na entrada do campo hoje, só por precaução do mau olhado de quem inventa essas coisas. Aqui é Galo, porra! Putz! Esta expressão tem mais de 13 letras. Acho melhor a gente começar a pensar em outro slogan, só por precaução.
Não somos supersticiosos, nos respeitem! Sai, urubu! Xiii… Urubu não!