No futebol, “você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança!”
Por: Hugo Fralodeo
Quando Humberto Gessinger, lá no longínquo 86, lançava, com os Engenheiros do Hawaii, o álbum ‘Longe Demais das Capitais’ – que aliás, eu recomendo – o roqueiro dos pampas não imaginava uma vitória do Galo sobre o Flamengo em sua 100ª partida no Mineirão pós reforma. A letra de ‘Segurança’, que aareceu, um ano antes, na coletânia ‘Roc Grande do Sul’, carregada de ironia e até certa inveja, que “denuncia” o modus operandi dos playboys que usavam dos artifícios artificiais para conquistar as ingênuas donzelas, nada tem a ver com as 4 linhas. Mas, de certo modo, a metáfora do título da canção, que aponta que tanto nas relações como na vida, e até no futebol, as aparências não seguram nada e o que manda é a firmeza, vem bem a calhar para ilustrar o clássico desta noite fria de quarta-feira.
Sem Nacho, Cuca mexeu no esquema e promoveu a reestreia do recém-chegado Nathan Silva e o retorno do xerife. Para quê? Segurança. Depois de mais frio, desta vez na espinha de alguns Atleticanos que não suportam nem a ideia de três zagueiros, e dos primeiros minutos de um jogo aberto, que com algumas falhas individuais, apontava para uma partida movimentada, a ideia de Cuca apareceu. Uma saída de bola limpa e segura, que atraia a marcação do adversário para que o time pudesse acelerar depois do meio-campo e forçar em cima da inconstante defesa flamenguista. Rogério Ceni, que balança, convive com desfalques, mudanças no miolo de zaga e na frente da defesa, pois não encontra segurança. Por ali passaram Arão, Gustavo Henrique e, neste jogo, Bruno Vianna, todos jogadores criticados. Criticados por sua falta de segurança.
Na frente do rubro-negro, Pedro preenchia o lado direito para não desgastar de Arrascaeta, que retornava de sua seleção e não contava com a segurança do treinador para conseguir fechar o corredor que poderia ser aproveitado por Arana. Já pelo lado do Galo, os lados do ataque que ficou órfão com os desfalques e que teve também muita gente rodando por ali nas últimas partidas, desde a rodada passada conta com Savarino, uma das melhores companhias para Hulk, que se sente mais seguro, pois tem com quem trocar de posição e dialogar, se sente mais seguro para usar seu corpo e ser a bola de segurança de um ataque que agora tem gente chegando pra concluir. Mais uma assistência do camisa 7, mais dois tentos na conta do venezuelano. Mariano, que vem em bom momento e fez mais uma bela partida, também dá mais segurança a Cuca, além de profundidade, usando muito as costas de um inseguro Filipe Luís.
A partir daí, a estratégia do Galo foi se resguardar e teve até mais a bola do que o Flamengo que precisava atacar. O Atlético não sofreu e o tempo foi passando. Teve um descuido, sim. A defesa cochilou, bobeou e dançou, mas, quando foi pra valer, ele, que é contestado por você, seu amigo, seu primo, sua tia e defendido por um ou outro… (não tiro seu direito, você pode se sentir mais seguro com Rafael, achar que ele está lá só pra sair com os pés… enfim…), mas que também é observado e sondado pela Seleção Srasileira, também é seguro e ajudou a decidir o jogo, garantindo a vitória, fechando o ângulo na finalização que poderia ter mandado o bom jogo do Atlético pro lixo.
Rogério Ceni não está seguro no cargo, balança, será que dança? Isso é problema lá para a turma da Gávea. O Galo comemora os 3 pontos, se aproxima da ponta e pensa, antes do Boca, no América, sábado, no clássico mineiro de primeira.
Falando nisso, o Flamengo já é freguês?