Hoje é dia de História – Ramón de Carranza -1990
Por: Betinho Marques
Comum entre as décadas de 80 e 90, os torneios de verão no meio da temporada eram um grande atrativo para os clubes brasileiros. Um deles, dos mais famosos é o Troféu Ramón de Carranza vencido pelo GALO em 1990. O Torneio amistoso acontece na cidade de Cádiz e possui repercussão mundial, desde 1955. Ramón de Carranza foi prefeito da cidade é dá o seu nome ao estádio do Cádiz. É conhecido popularmente como a taça das taças. O torneio é normalmente disputado por quatro equipes, o anfitrião Cádiz CF e outros três convidados, que se enfrentam em duas semifinais, disputa do terceiro lugar e a grande final. No contexto de 1990, junto à taça magnífica do Galo, o mundo terminava o ciclo da Guerra Fria e Collor era eleito Presidente do Brasil.
O Brasil e o mundo em 1990
O ano de 1990 marcou o início do mandato do primeiro presidente eleito pelo povo após a redemocratização. Fernando Collor de Mello, tomara posse como o mais novo da história, com apenas 40 anos. Nesse ano, o Brasil perdeu o poeta e cantor Cazuza e Ayrton Senna tornou-se bicampeão mundial de fórmula 1 após dar o “troco” no rival Alain Prost. A seleção brasileira foi eliminada na Copa da Itália para a Argentina de Caniggia e Maradona, vencida pela Alemanha.
Ainda no mesmo ciclo, o filme Ghost – “Do outro lado da Vida” foi indicado a 5 Oscars e venceu 2 estatuetas em 1991. A MTV Brasil entrou no ar e publicou como primeiro clip a música Garota de Ipanema de Tom Jobim. A teledramaturgia levou ao ar a novela Pantanal, escrita por Benedito Ruy Barbosa de sucesso absoluto na Rede Manchete, com atuação impecável de Cristiana Oliveira e Almir Sater. Ainda no mesmo ano, foi lançado o telescópio Hubble, que permitiu um avanço indelével ao conhecimento do universo através da sua contribuição. Por fim, a Alemanha foi reunificada no dia 03 de outubro, após a queda do Muro de Berlim, no fim de 1989.
Voltando ao Ramón de Carranza do GALO
Para contextualizar a relevância do evento, Atlético de Madrid (10 vezes), Real Madrid (6 vezes), Barcelona (3 vezes), o anfitrião Cádiz (8 vezes) e clubes tradicionais como Valencia, Real Betis, Athletic de Bilbao, Zaragoza, Espanyol e Sporting de Gíjon já ergueram a taça, que é uma joia revestida até de material nobre como a prata e pesa cerca de 100 quilos. Além dos espanhóis, outros clubes que já venceram o torneio foram: Benfica (1 vez), Palmeiras (3 vezes), Vasco (3 vezes), Corinthians (1 vez), São Paulo (1 vez) e o Atlético em 1990.
Barcelona Campeão de 2005
Na edição de 1990, edição de número 36, participaram: Cádiz(anfitrião), Atlético de Madrid, Santos e Atlético (primeira participação – jogou depois em 91), entre os dias 24 e 26 de agosto. O formato do torneio era em duas semifinais que levariam os vencedores à grande final. Na primeira partida, o Santos empatou em 1X1 com o anfitrião, Cádiz, com gol no tempo normal feito por Paulinho McLaren. Na decisão por pênaltis, a equipe paulista venceu.
Já na segunda semifinal, o GALO empatou por 0x0 com o Atlético de Madrid, vencendo nos penais por 4×2, com grande atuação do goleiro Rômulo que defendeu duas cobranças, uma do austríaco Rodak e outra de Julio Prieto. Os penais convertidos pelo Atlético foram de: Éder, Paulo Roberto, Marquinhos e Gérson.
Ficha Técnica GALO 0 x 0 Atlético de Madrid – 25/08/1990
Atlético: Rômulo, Carlão, Cléber, Toninho Carlos(Tobias) e Paulo Roberto Prestes; Éder Lopes, Marquinhos, Tato(Mauricinho) e Gilberto Costa; Éder Aleixo e Gérson. Técnico: Arthur Bernardes
Atlético de Madrid: Abel, Tomaz, Juan Carlo, Donato e Juanito; Júlio Prieto, Solotobal(Pizzo), Alfredo e Manolo; Rodak e Baltazar(Sadah). Técnico: Joaquin Rorio
Após a classificação para a final, o Galo teve o Santos como adversário numa final brasileira em terras ibéricas. O Atlético aproveitou a chance, e aos 5 minutos do segundo tempo, Marquinhos, meia habilidoso da época, após jogada de Éder Lopes e Paulo Roberto concluiu com êxito e colocou o time carijó na frente. Após o gol, o Santos de César Sampaio, que foi expulso, Axel e Paulinho Mclaren foi para o “abafa”. Ao Galo restou se organizar e articular-se com os passes de Éder e se resguardar-se na defesa.
Como sempre foi, a torcida recepcionou o Atlético em Confins e valorizou mais uma façanha no velho continente. Quem for à Sede de Lourdes, certamente verá a Taça Rámon de Carranza, um dos mais belos, altos e pesados troféus da gloriosa galeria do Galo que sempre encantou a Europa, desde a primeira excursão ao Gelo em 1950.
Ficha Técnica GALO 1 x 0 Santos – 26/08/1990
Atlético: Rômulo, Carlão, Cléber, Tobias e Paulo Roberto Prestes; Éder Lopes, Marquinhos, Tato(Mauricinho) e Gilberto Costa; Éder Aleixo e Gérson. Técnico: Arthur Bernardes
Santos: Sérgio Guedes, Índio, Pedro Paulo, França e Paulinho; César Sampaio(expulso), Derval, César Ferreira(Édson) e Axel(Humberto); Ney(Camilo) e Paulinho Mclaren. Técnico: Pepe
Partida final dividida em partes
Mais do Galo de 1990
Nesta temporada, o Galo presidido por Afonso Paulino chegou às quartas-de-final, ficando em quinto lugar no brasileirão, após ser eliminado pelo Corinthians, depois de perder de virada em São Paulo por 2×1 e empatar em 0x0 no Mineirão. O time do Parque São Jorge, conseguiu ali seu primeiro título após vencer o rival São Paulo na final.
O uniforme do Atlético em 90 era dos mais vistosos, tinha ainda o patrocínio da Coca-Cola em vermelho e shorts curtos, bem ao estilo da época. O time tinha ainda Éder o “bomba”, o artilheiro Gérson, famoso pelos seus gols e pelo peculiar bigode. Completavam as referências o volante Éder Lopes(Chitão) pelo estilo de cabelo usado pela dupla sertaneja, o goleiro Rômulo, o eterno lateral Paulo Roberto Prestes e o habilidoso e certeiro Marquinhos, que além da taça Ramon de Carranza, costumava jogar muito bem nos clássicos de Minas Gerais.
A quem queira um pouco do Galo de cada dia, a lição hoje foi a Taça Ramón de Carranza. A significância das conquistas é o povo quem dá. Ficamos assim por hoje: com história e com memória!
Galo, som, sol e sal é fundamental!